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Tendências em propriedade intelectual: O papel da inteligência artificial na criação das marcas X registro de marca

Tendências em propriedade intelectual: O papel da inteligência artificial na criação das marcas X registro de marca

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) vem transformando diversos setores, e o mundo das marcas e patentes não é exceção. Empresas estão cada vez mais utilizando ferramentas baseadas em IA para criar identidades visuais, slogans e nomes de marcas. No entanto, essa revolução tecnológica levanta questões importantes sobre a segurança jurídica no registro de marcas e a propriedade intelectual dessas criações.

O crescimento da IA na criação de marcas

A Inteligência Artificial tem revolucionado a maneira como as marcas são criadas. Ferramentas baseadas em algoritmos analisam tendências de mercado, preferências do público-alvo e elementos culturais para desenvolver logotipos, paletas de cores e tipografias. Esse processo automatizado permite resultados únicos e personalizados em um curto período.

Plataformas de design assistido por IA também fornecem opções variadas, oferecendo maior liberdade criativa para empresas e designers. A combinação de criatividade humana e tecnologia resulta em identidades visuais que comunicam valores e objetivos de maneira mais eficaz.

Mas essa facilidade traz uma grande interrogação: quem realmente detém os direitos sobre uma marca criada por IA? A legislação atual, incluindo as regras do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), ainda não está totalmente adaptada para essa nova realidade. Atualmente, apenas seres humanos e pessoas jurídicas podem ser titulares de direitos autorais e registros de marca, tornando essencial o envolvimento humano no processo de criação.

Além disso, a crescente automação de processos criativos pode impactar o mercado de trabalho, tornando essencial a valorização de profissionais especializados que saibam interpretar e validar as criações geradas por IA. De acordo com uma pesquisa*¹, cerca de 74% das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) estão atualmente utilizando IA de forma regular, enquanto 90% delas estão em fase de implementação desta tecnologia em suas operações. Esse aumento na adoção de IA ressalta a importância de profissionais capacitados para gerenciar e supervisionar essas ferramentas.

Inteligência artificial e registro de marca: quais são os desafios?

A etapa de registro, mesmo que exista uma agilidade para a criação pela IA, exige o cumprimento de uma série de formalidades legais e análise de marcas pré-existentes que possam colidir com a nova marca registrada.

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) tem avaliado o uso de soluções de inteligência artificial (IA) para auxiliar na análise de pedidos de marcas, patentes e desenhos industriais. O objetivo é otimizar o trabalho dos examinadores, especialmente em processos repetitivos, aumentando a eficiência na análise dos pedidos. No entanto, o INPI reconhece que a intervenção humana continua sendo essencial para lidar com casos complexos, como disputas de anterioridade e conflitos legais.*²

Principais desafios:

  1. Originalidade e distintividade: O INPI exige que a marca seja distinta e não colida com marcas já existentes. Como IA analisa vastas bases de dados para criar algo "novo", existe o risco de reprodução indireta de marcas já registradas.
  2. Questão de autoria: Se uma IA criar um logotipo, a autoria pode ser contestada, já que a legislação atual não reconhece inteligências artificiais como detentoras de direitos autorais.
  3. Conflitos legais: Empresas que utilizam IA sem um acompanhamento jurídico adequado podem enfrentar problemas no registro e na proteção da marca.
  4. Dependência de dados preexistentes: As IAs são treinadas com bases de dados existentes, o que pode gerar padrões semelhantes e impactar a originalidade da criação.
  5. Dificuldades na identificação de plágio: Como as ferramentas de IA utilizam grandes volumes de informações já publicadas, pode ser difícil determinar se uma criação é realmente original.
  6. Evolução regulatória: Com a rápida expansão da IA, novas regulamentações devem surgir para definir limites e diretrizes para o uso da tecnologia na criação de marcas e proteção da propriedade intelectual.
  7. Interpretação jurídica das criações: O conceito de criatividade e inovação pode ser questionado em tribunais, levantando debates sobre a originalidade e autoria das marcas geradas por IA.

IA aliada ao olhar humano

A aplicação da Inteligência Artificial (IA) na criação e registro de marcas apresenta desafios jurídicos significativos. Embora a IA ofereça eficiência na geração de elementos de marca, é importante que profissionais especializados estejam envolvidos para garantir que essas criações atendam aos padrões legais e culturais. A colaboração entre tecnologia e expertise humana assegura que as marcas sejam não apenas inovadoras, mas também juridicamente protegidas e culturalmente relevantes. Do ponto de vista jurídico, a união da IA com o conhecimento humano traz uma camada adicional de segurança, pois permite que os aspectos legais sejam meticulosamente analisados, como a verificação de originalidade, a proteção contra a violação de direitos autorais e a adequação aos requisitos legais de cada jurisdição. Além disso, o olhar humano é fundamental para interpretar as nuances culturais e sociais que a IA pode não captar completamente, garantindo que a marca não apenas se enquadre nas normas, mas também ressoe de maneira positiva com o público-alvo e respeite as diversidades locais. Assim, a combinação de tecnologia avançada e expertise jurídica oferece uma abordagem robusta e equilibrada para o registro de marcas.

Boas práticas para proteger marcas criadas com IA

Diante desse cenário, é essencial adotar estratégias para garantir que marcas criadas com apoio da Inteligência Artificial estejam protegidas de eventuais disputas legais.

1. Registrar a marca com um especialista

Ao criar uma marca, especialmente com o apoio da IA, é essencial contar com a orientação de um especialista em propriedade intelectual, como um advogado ou empresa especializada. Esses profissionais possuem expertise para realizar uma busca detalhada e aprofundada nas bases de dados de marcas registradas, garantindo que sua marca não infrinja nenhuma existente. A busca deve ser feita não só em registros de marcas no Brasil, mas também em registros internacionais, caso sua marca tenha intenção de atuar globalmente. Além disso, um especialista pode ajudar a garantir que a marca atenda a todos os requisitos legais, como originalidade, distintividade e não-confusão com marcas já registradas, o que é importante para a obtenção da proteção legal.

2. Humanizar o processo criativo

Embora a IA seja uma ferramenta poderosa para gerar ideias criativas, a intervenção humana é fundamental. A IA pode gerar sugestões de nomes, logotipos ou slogans, mas a análise crítica de um ser humano é necessária para garantir que a proposta tenha um significado cultural adequado e não seja confundida com outras marcas. Além disso, o toque humano é vital para validar a identidade visual final e o posicionamento da marca, levando em conta aspectos como emocionalidade, percepção do público-alvo e valores da empresa. Isso ajuda a evitar que a marca criada automaticamente seja uma cópia de algo já existente, o que pode gerar disputas legais.

3. Documentar o processo de criação

A documentação do processo de criação da marca é um passo importante para garantir que, em caso de disputa, você possa provar a originalidade da sua criação. Isso inclui manter registros detalhados de todas as etapas – desde o conceito inicial até a versão final. Capturar esboços, versões de rascunhos, comunicações com a equipe de design, alterações feitas pela IA e decisões tomadas ao longo do desenvolvimento podem servir como evidência em uma possível disputa sobre a autoria ou a originalidade da marca. A documentação também pode ser útil para demonstrar que a marca foi criada de forma legítima, sem intenção de plagiar ou copiar outras marcas existentes. Para isso, podemos utilizar o Blockchain como prova de anterioridade, pois ele oferece uma maneira segura e imutável de registrar cada etapa do processo de criação. Vale destacar, no entanto, que o uso do Blockchain não substitui o registro formal de propriedade da marca, que continua sendo essencial para garantir a proteção jurídica completa da marca junto aos órgãos competentes.

4. Proteger elementos individuais

Além do nome e logotipo, outros elementos que compõem a identidade de uma marca, como slogans, mascotes, fontes tipográficas e até mesmo a paleta de cores, podem ser registrados separadamente. Isso oferece uma proteção mais ampla e detalhada para a marca, evitando que partes dela sejam copiadas sem que o infrator enfrente consequências legais. O registro de cada componente visual e de comunicação reforça a defesa da sua marca como um todo e pode dificultar a utilização indevida de elementos específicos que fazem parte da sua identidade.

5. Acompanhar as atualizações legislativas

A legislação sobre propriedade intelectual, especialmente em relação ao uso da IA, está em constante evolução. As leis de marcas e patentes podem ser atualizadas para refletir a forma como as tecnologias avançam e impactam o mercado. Isso inclui a regulação sobre a autoria de criações geradas pela IA e a definição de quem detém os direitos autorais. Manter-se informado sobre as mudanças legislativas é fundamental para garantir que sua marca esteja protegida dentro do novo contexto legal. Participar de conferências, seminários e buscar orientação de advogados especializados pode ajudar a antecipar e se adaptar às novas normas que venham a surgir.

6. Monitoramento constante

Uma vez registrada a marca, o trabalho de proteção continua. É fundamental realizar um monitoramento constante do mercado para identificar eventuais infrações ou tentativas de imitação da sua marca. Isso pode incluir a vigilância sobre novos registros de marcas que possam ser semelhantes à sua, bem como observar comportamentos no mercado, como uso não autorizado do seu logotipo ou nome. Existem ferramentas de monitoramento e empresas especializadas que oferecem serviços de acompanhamento de marcas, buscando rapidamente sinais de violações. Isso possibilita uma ação rápida para proteger seus direitos e evitar danos à sua marca.

7. Atuar preventivamente

Ao criar uma marca, a orientação de especialistas desde o início do processo é fundamental. Consultar advogados especializados em propriedade intelectual para garantir que o processo de criação esteja em conformidade com as leis e melhores práticas pode evitar problemas futuros. A atuação preventiva pode incluir ações como a verificação de disponibilidade do nome desejado, a análise de riscos legais relacionados ao uso da IA e o planejamento estratégico de registros para proteger diferentes aspectos da marca, garantindo que não haja vulnerabilidades que possam ser exploradas por concorrentes ou infratores.

Essas práticas ajudam a construir uma base sólida para a proteção de marcas criadas com o apoio da IA, minimizando riscos legais e garantindo que os direitos sobre as criações sejam respeitados e protegidos.

O futuro da propriedade intelectual e da IA

No futuro, a incorporação da inteligência artificial no processo de registro e proteção de marcas vai redefinir o conceito de propriedade intelectual. Não se trata apenas de criar identidades visuais impactantes, mas de garantir que esses ativos intangíveis sejam juridicamente protegidos, valorizando e assegurando o patrimônio de inovação das empresas. A combinação de IA com o conhecimento especializado dos profissionais do setor permitirá uma análise mais precisa e eficiente dos elementos que compõem a propriedade intelectual, certificando que cada marca seja única, original e resguardada contra conflitos legais.

Ademais, à medida que as tecnologias avançam, o papel do olhar crítico e jurídico se torna indispensável para interpretar as nuances da legislação e adaptar as práticas de registro às novas demandas do mercado. Essa integração entre tecnologia e expertise legal não apenas otimiza os processos, mas também consolida a propriedade intelectual como um pilar estratégico para a inovação e o crescimento empresarial.

A Cone Sul Marcas e Patentes está preparada para auxiliar empresas nesse novo cenário, oferecendo assessoria especializada para garantir que marcas criadas com ou sem o auxílio da IA sejam devidamente protegidas. Com um time de especialistas, a Cone Sul assegura um processo de registro seguro, prevenindo riscos e garantindo a exclusividade da sua identidade no mercado.

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